segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Psicopatologias

O modelo estrutural da psicopatologia é a neurose que é uma doença da comunicação e abrange a ansiedade, a angústia, a depressão e outras, todas intrincadas e geradoras de patologia somática versátil que engloba doenças funcionais,e também inflamatórias, infecciosas e neoplásicas por definhamento das capacidades imunitárias, e ainda geradoras de acidentes objectivados em doença física e/ou química por perturbação, consciente ou inconsciente, do élan de viver a existência e podem condicionar aumento dos níveis séricos da uricemia, da glicemia, dos ácidos gordos livres e do colesterol. Assim sendo, deve formular-se o diagnóstico do adoecer em antecipação à constatação do Ser-Doente. A depressão, como patologia muito incapacitante, deve ser considerada quando:
1. O sintoma prevalece de manhã e se atenua ou desaparece com o declíneo do dia.
2. A terapêutica da suposta doença orgânica se revela ineficaz, a pesar de ser julgada adequada ao dignóstico formulado.
3. A terapêutica, sendo sintomática ou polipragmática, condiciona a fuga do sintoma, isto é, quando a terapêutica "cura" ou melhora o sintoma e, a seguir, aparece outra queixa que também melhora com outra terapêutica para depois aparecer outra "doença". Todo o fármaco supostamente instituído com critério que "cure" a "doença" mas não o Doente, deve obrigar a uma revisibilidade da atitude do terapeuta.
4. Há dissociação entre a clínica e os elementos asuxiliares de diagnóstico.
5. Os sintomas se localizam em áreas corporais que primeiro foram atingidas na existência, ao nascer; as dermopatias são raras como somatizações no Ser-Humano cesariado, o que não sofreu o atrito ao atravessar o túnel vaginal durante o parto.
No Idoso, a versatilidade das etiologias ( biológicas, psicossociais e psicodinâmicas ) e a exuberância dos quadros clínicos que podem atingir o delírio, como a terrível mas felizmente rara síndrome de Cotard, devem ser seriamente consideradas porque conferem à depressão a maior importância gerontopsiquiátrica, depois das demências alzheimeriformes.
Os adolescentes deprimidos e também os angustiados procuram anancasticamente barbitúricos e benzodiazepinas assim como os psicóticos procuram anfetaminas - são equivalentes comportamentais respectivamente do neuroticismo e do esquizoticismo, aos quais devemos estar atentos.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

"A tua fé te salvou"

Todo o comportamento bio-psico-social é determinado pelo pensamento e pelo sentimento; isto é, a qualidade do psicossomatismo, do fisiológico e da sociabilidade é dependente da cognição, principalmente quando esta é exaltada pela emoção. Assim também, no processo terapêutico, o fármaco intervém na cura da doença só quando o médico o investe com intenção no Doente, ao qual transmite a sua crença; isto é, o Doente cura-se só quando crê que vai curar-se. É o processo da capacidade de auto-cura que todo o Ser-humano possui quando consciente de Si.

O acto de curar, de reequilibrar um ser perturbado, de o re-adaptar à situação através duma re-aprendizagem a ser feliz, faz-se mobilizando a Mente pela acção directa do médico auxiliada, quase sempre, por uma simbologia como é a do fármaco; (a Mente não é uma coisa, é um processo que se desenvolve entre o SER/EU e o corpo/cérebro,- é o Processo Mental).

Tudo que é iniciado pelo Doente, ou no Doente quando consciente de Si, é iniciado com pensamento e emoção; o Ser-humano quando se perturba cria doenças e pensando-as e sofrendo-as mais se perturbará, isto é, far-se-á maior Doente; o Doente não o é se não estiver perturbado, se não pensar que é, se não tiver conhecimento da perturbação que pode ser uma doença, real ou imaginária, mas sempre real para o próprio. É que o Doente não é quem tem doença mas sim quem está perturbado.

Todo o pensamento e toda a emoção se somatizam; o pensamento pessimista, a infelicidade, a desgraça, a tristeza, a separação, os ódios perturbam o Ser-humano, fazem-no Doente que expressa as suas mágoas não verbalizadas no palco do corpo numa linguagem chamada doença, a qual justifica o pedido de auxílio condicionado pelo sofrimento; na realidade, essencialmente, os doentes sofrem do pensar e do sentir mas, por vezes, a doença está subjacente. Pensamentos e emoções "positivas" de união, solidariedade, Felicidade, Amor evitam e curam doenças não só porque estimulam o sistema imunitário de auto-cura, mas também porque restituem a alegria ao Ser perturbado. A perturbação causada pela mesma circunstância não é igual para todo o Ser-humano porque as coisas valem apenas a sua interpretação, são o que cada qual pensa e sente delas e cada um sente e pensa com a "psicomatéria" afectiva e cognitiva que possui, a qual é diferente de Ser para Ser porque foi adquirida não só numa aprendizagem prè-natal impressa "geneticamente" no Espaço e no Tempo, donde cada Ser tirou o seu tempo e o seu espaço existencial para uma outra aprendizagem em dialéctica com a ambiência eco-social e condicionada à "Consciência teleológica da Espécie"(?).

É para além das aparências sensíveis que se escondem as realidades, o númeno ainda inatingível mas já intuído e em investigação a caminho do "BIG-BANG" científico.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Arco-íris da Relação

O ambiente, o atmosférico, o que está entre os seres humanos é um factor extremamente importante porque é o veículo condicionante da comunicação, da relação inter-individual. É o ambiente que une e afasta pessoas; muitas vezes o ambiente é contaminado e sempre moldado pelos seres humanos.
A psicopatologia é a ciência que se ocupa da relação perturbada; a neurose é o seu modelo estrutural porque é uma doença da comunicação.
A Pessoa que não verbaliza serve-se do seu corpo para se expressar; muitas vezes esta expressão chama-se doença, mas pode também ser terapia, principalmente no Idoso marginalizado e amordaçado, despojado da sua autonomia. Quanto melhor for a sociabilidade menos necessidade há de ter a doença versus sintoma, modelo de autoterapia re-equilibrante. As linhas do reequilíbrio podem actuar como curativas ou como patogénicas; a somatização é um mecanismo de defesa reequilibrante da homeostasia; por isso, tratar a "doença" somática sem abordar o conflito psíquico etiológico é correr o risco de iatrogenizar o Doente.
O início insidioso duma patologia expressa mais uma psicogenia do que uma doença somática.
A recidiva da patologia é um factor que exige uma revisão do diagnóstico, das interpretações patogénicas ou da terapêutica.
A doença é o conteúdo cognitivo e afectivo do Homem perturbado que não verbaliza a sua perturbação; sem afectividade não há comunicação.
Quando a situação mórbida é grave a cooperação do Doente melhora e é facilitada a relação inter-individual. Don Quijote deixou de alucinar na agonia.
É no Doente psicótico, Ser fortemente perturbável e perturbante, que se verificam as maiores e as mais graves doenças da relação, o que exige uma grande atenção e profunda observação de sinais iniciais desta destruidora perturbação do Ser:  "o mundo está diferente" sic;  "algo de estranho anda no ar" sic; "o prédio em frente... máquinas, fios”...sic. Revela grande  perplexidade face ao que está a acontecer. Depois surgem alterações dos afectos (o Doente ri de factos tristes), e alterações perceptivas, ideação delirante. O delírio é o único modelo do psicótico comunicar o seu sofrimento que é muito, e profundamente humano. O esquizofrénico é hipersensível; o autismo e outras facetas comportamentais resultam de ele sentir agredida a sua sensibilidade; não devemos fixá-lo porque os olhos de terceiros têm para ele um significado delirante, assim como também o seu próprio olhar frente ao espelho, quando não se reconhece, quando ele é "Outro Ele".
As medidas a tomar são urgentes e resumem-se a três:
  1. Tentar compreendê-lo e que ele perceba que é compreendido;
  2. Realçar o seu sofrimento; mas nunca valorizar a doença, porque ele não se considera doente;
  3. Encaminhá-lo para a psiquiatria, o que só será possível se confiar no seu médico.

Muitas vezes, no jóvem, o psicoticismo é substituído pela "droga dura," onde ele encontra uma possível união tácita; a toxicodependência traduz a conquista duma mística obtida através da droga, quase sempre porque a sociedade, voltada para os valores materiais, nega ao jovem a espiritualidade.
A psicanálise analisa e interpreta, não empatiza; não obstante, o atmosférico relacional poder colorir-se de afecto, pelo fenómeno da transferência; ainda assim, não deverá aplicar-se na esquizofrenia como terapia, salvo raríssimas excepções.
O Ser humano incapaz, durante o ano, de se expressar porque submisso a convenções e a valores sociais, encontra no carnaval liberalização para escoar as suas tensões sociais reprimidas e, por isso, patogénicas, revelando assim a sua psicopatologia de temática mística, mítica, histórica, erótica ou outra; por isso o Carnaval confere protecção reequilibrante à sociedade. O carnaval é o orgasmo dos impotentes.
Valor é um sistema de convicções convencionadas que deve ser sujeito a juízo crítico; valor não é o que é, é o que deve ser de acordo com as conveniências políticas, económicas, mitológicas e outras..
Quando a materialidade for ultrapassada pela Arte e pelo Amor, o Homem será sábio.


domingo, 4 de maio de 2008

Direcção incompetente

Foi em consequência da Guerra Colonial de má memória que, pela 1ª vez e pela voz do psiquiatra Dr. Afonso De Albuquerque, tomei conhecimento duma entidade mórbida destruidora da saúde psicológica de militares que, fragilizados pela dramática ambiência e pela coacção ditatorial, estavam privados de capacidades para reagirem à situação perigosamente doentia. Refiro-me ao "Distúrbio de Stress post-traumático" (DSPT)

Hoje constatam-se novas vítimas:

  • Professores vitimados por agressões psicológicas e físicas de jovens reactivos estruturalmente mal formados.
  • Domésticas vitimadas pelos companheiros carentes de ética e de moral, com quem vivem em união de facto.
  • Trabalhadores, quase sempre do sexo feminino, vítimas de chefias incompetentes porque carentes de saúde mental, neuróticas que se expressam em autoritarismos reactivos aos seus sentimentos de inferioridade e às suas frustrações que descarregam nas pessoas, como os militares, indefesas e submissas.

O DSPT,resultante do assédio moral sobre o trabalhador, é causa de graves consequências físicas, psicológicas e sociais com efeitos prejudiciais na actividade laboral; origina, na vítima, doença somática em zonas preferenciais, tais como a pele (eczema), o aparelho respiratório (asma), o aparelho cárdio-circulatório (arritmias, hipertensão arterial), o aparelho digestivo (úlceras gástricas e duodenais, discinesias); diminui a imunidade com consequente receptividade a graves infecções, — a tuberculose pulmonar é uma delas. Origina também psicopatologia (ansiedade, depressão, insegurança, fobias, etc.). É causa de perturbações laborais por desmotivação, com efeitos na qualidade e na quantidade, diminuíndo a produção; atinge a antroposofia estruturante de todo ser-humano.

Conhecidos estes efeitos deletérios e as suas amplas consequências, há que suprimir a causa, mas esta decisão é apanágio do governante; a pessoa que chefia deverá ser escolhida criteriosamente entre gente emocionalmente forte e equilibrada que tenha a capacidade de sentir, em Si, a interioridade dos trabalhadores para que os possa motivar a trabalhar para o objectivo comum, com entusiasmo, com emoção, uma emoção que estimule a acção.

Chefiar não é dominar nem é criar stress; o stress incapacita porque rouba motivação e dá doença. A chefia deve ter autoridade forte feita de assertividade mas, para a ter, não pode ser autoritária.

Não pode haver desenvolvimento válido com silenciados e oprimidos.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Ninguém nasce mau

O Homem só pode ser entendido, em sua existência, em indissociabilidade sistêmica, como totalidade psico-somática indivisível, enquanto existente, situado no espaço e no tempo e em dialética com o ambiente.

O comportamento do Homem é o corolário da sua estrutura; Freud, Miguel Ângelo, Popper, Edison, Camões, Paganini, Jesus, Marx, Hitler,etc., são exemplos. A obra de cada um destes homens é a expressão da sua estrutura; Freud não podia ter sido um homicida, Jesus nunca poderia agir como Sócrates. Todavia, a estrutura do Homem não implicita fatalidades. Sem dúvida que a biologia dos comportamentos tem uma base filogenética, a qual designa o indelével do inato mas, o ambiente eco-social intervém soberanamente e, à medida que o adquirido estrutura o Homem, o inato perde grandeza; assim, o mérito ou o demérito do Ser-Humano resulta, em grande parte, do adquirido através de uma educação. A criança não nasce má; é condicionada inconscientemente para a maldade por uma educação deficitária ou defeituosa, agressiva que gera, mais tarde, inseguranças, ansiedades, depressões, ódios, toxidependências, delinquência e comportamentos homicidas. Fatores sociais, com destaque para o abandono familiar e para a pobreza, em tempos de primeira infância, muito contribuem para aquela desastrosa estruturação do Ser-Humano.

quarta-feira, 5 de março de 2008

MEDICINA e profissão médica

Hoje os meios de comunicação de massas estão vazios de altruísmo a favor de egoísmos que alimentam o sensacionalismo e de ignorância imposta através de meias verdades ditas com intenção; consequentemente são fontes de solidão e de desmotivação porque egoísmo é solidão afectiva, ignorância é solidão cognitiva e a solidão desmotiva e deprime.

Entre muitas outras vítimas, alguns médicos sentem-se usurpados e refugiam-se na sua interioridade magoada, são quérulos; outros contestam direitos, denegam obrigações e projectam-se num futuro imediato em incertezas angustiantes; uns e outros descem ao nível dos "governantes," os autores de tal ambiência; esquecem a Medicina, exaltam a profissão porque se esquecem que é a Medicina que confere respeitabilidade, grandeza e nobreza ao profissional médico e que o distingue daqueles "governantes" de curta visão, que lobrigam apenas materialidade; esquecem que é pela Medicina que eles se eternizam em magnanimidade perante o Homem sofredor.

É um grande privilégio ser Médico quando a sua interioridade se verte, em compaixão universalizada, na entrega ao sofrimento do Ser-Humano, sem horários perturbantes ou interesses menores, em catatimia compassiva.

Os "relógios-de-ponto", os horários, poderão ser adequados ao funcionário mas nunca ao Médico porque o sofrimento também não os tem.

Exercer Medicina é muito mais que aplicar ciência médica e tecnologia; é mais que curar doenças. Exercer Medicina é um transcendentalismo epistemológico aplicado ao Doente; é um misto de ciência e conhecimento numénico, isto é, o que está para além das aparências sensíveis.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

É já tarde para bem envelhecer

O Ser-Humano deve consciencializar-se do seu senescer e meditar na velhice que o espera no futuro para que, com antecedência, aprenda a envelhecer com a melhor qualidade de vida existencial possível, nas suas vertentes biológica, psicológica e social. O Idoso não deve ser avaliado nem ele mesmo se deve avaliar pelo que perdeu mas sim pelo que resta; porém, mais importante é o que ainda vai ser adquirido através do seu viver existencial, preferencialmente com maior investimento em valores espirituais que nos materiais nos quais se consubstancia a precaridade; quem investe apenas nestes vai entrar em falência em idades senis. Viver é uma permanente emergência continuada do "começar" porque só está vivo e continua vivendo quem intencionalmente ainda vai viver. A velhice é uma perturbação desta permanência; é uma inadaptação ao "começar"; é um início de morte; é uma desistência porque morrer é desistir de existir e de viver a existência. Amadurecemos no tempo vivido mas envelhecemos no tempo medido, porque em actividade vivemos e morremos em inactividade.

A psicopatologia ocupa-se da relação perturbada; o seu modelo estrutural é a neurose que é uma doença da comunicação. A neurose mais frequente no velho é a depressão cuja cura se obtém fundamentalmente pela relação empática; o fármaco anti-depressivo actua principalmente no sintoma e revela-se eficiente só e apenas quando investido de intenção, intenção criada pelo médico e introjectada pelo Doente. A terapia tem de ser psicológica e filosófica porque no Idoso deprimido vive, em permanência, a dialéctica entre Eros e Thanatos. A comunicação e a compaixão são fundamentais na relação terapêutica; a relação entre o médico e o Idoso-Doente conduz a um estado de osmose afectiva que exige do médico mais Arte que ciência.

Essencialmente são quatro as coordenadas que determinam a saúde do Idoso:

  1. Informação aos jovens e aos velhos;
  2. Valorização e aproveitamento das faculdades que restam no Idoso;
  3. Reintegração do Idoso no sistema social e comunicação entre o Idoso e a comunidade;
  4. Felicidade que resulta do equilíbrio bio-psico-social.

Quem ama e é feliz não é doente ainda que tenha doença.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

A Sede no Idoso

Numa visão bio-física, o envelhecimento do Ser-Humano caracteriza-se pela perda de massa protoplásmica metabolicamente activa, isto é, pela perda de células e, consequentemente, por declínio fisiológico; a estas mudanças biológicas outras se juntam, - são reacções que sendo perturbantes, são também homeostáticas como, por exemplo, o aumento da mono-amino-oxidase (MAO) directamente proporcional à idade cronológica do Idoso. Estas mudanças constituem o fundamento dos comportamentos que paulatina e progressivamente se desenvolvem na Vida existencial, através da senescência; refiro-me ao beber, à depressividade, à diurese, à sede e a outros.

Na ausência de patologia, o Idoso tem sede, uma sede local com oligosialose que se caracteriza por diminuição da salivação (aptialismo) e que resulta não só da involução anatómica e fisiológica das glândulas salivares, mas também do aumento da MAO, enzima que degrada as catecolaminas o que, por si só, aumenta a sede, mas diminui a diurese; consequentemente e respectivamente repõem e poupam a massa hídrica, isto é, aumentam-na.

Esta hipotrofia e declínio das glândulas salivares conjugada com o progressivo aumento da MAO explica a simultaneidade, no Idoso, da sede e da depressão; a diminuição da diurese tem originado alguns critérios errados neste contexto, - a administração de diuréticos os quais, obviamente agravam a situação. Toda a farmacoterapia do neuroticismo depressivo no Idoso, nomeadamente os inibidores da MAO (IMAO), aumenta as monoaminas biológicas e este aumento das catecolaminas e das indolaminas inibe a sede e melhora o estado depressivo, mas também aumenta a diurese o que pode agravar o desequilíbrio da balança hídrica pelo que é indispensável que o Idoso, mesmo na ausência da sede, beba água, sumos,infusões e outros líquidos.

Numa visão neuropsicológica, imprescindível nestas reflexões, a sede, esse interior grito biológico da homeostasia, condiciona a necessidade e a motivação que despertam o Idoso para o comportamento primário reequilibrante, o de beber; este psicodinamismo encontra a sua sede no hipotálamo que é a área encefálica da necessidade e da motivação e que é integrador dos sinais internos homeostáticos juntamente com o sistema límbico e o córtex órbito-frontal, circuito de interligação de todas aquelas áreas na psicofuncionalidade as quais são alvo de hipotrofia, hipofunção, inibições sociogénicas, lesões anatómicas, de factores condicionantes de variados patomorfismos, nomeadamente deste aqui referenciado.

Nos anos 50 do século passado tive na minha práxis médica alguns doentes então considerados idosos por terem mais de 65 anos; eram doentes mais envelhecidos que velhos que sofriam de aptialismo sem patologia conhecida como a síndrome de Sjögren, a diabétis, a desidratação, nefropatias, avitaminoses; alguns eram angustiados, outros (a maioria) eram dependentes do tabaco. Havia, então, no universo farmacêutico, ampolas injectáveis de "extracto de placenta" produzidas num laboratório português conhecido por Seixas Palma e por um outro suíço, laboratório Berna. O extracto de placenta tinha uma potencialidade notável não só na cura da oligosialose/aptialismo, mas também noutras situações patológicas tais como úlcera do colo do útero, úlceras varicosas, e outras. Mais tarde, ainda na década de 50, tive a oportunidade de verificar alguns notáveis sucessos de Paul Niehans que, em Genêve, procedia a terapias semelhantes mas mais complexas.

A Pluridimensionalidade da Morte

Para aceder ao trabalho A Pluridimensionalidade da Morte em versão PDF, por favor clicar aqui

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

A depressão na comunidade envelhecida

No Idoso senil são frequentes delírios que acompanham depressões reactivas monopolares manifestadas na defesa do valor narcísico.

São depressões relacionadas com perdas de forte colorido afectivo, com incidência e fixação no Próprio - expressão de perda da imagem narcísica idealística.

Estas características condicionam uma depressão predominantemente sociogénica, por isso de início tardio e precedida de isolamento (comportamento do Próprio) ou consequente à marginalização que a sociedade impõe ao Idoso.

Esta entidade psicopatológica, sendo quási sempre uma associação da continuidade à cronicidade, antagoniza a denominação "início tardio" não obstante o seu início estar relacionado com o aumento da MAO que acompanha o aumento da idade, e situar-se habitualmente nos tempos post-aposentação quando o Ser-Humano perde estatuto social numa visão antroposófica.

São os laços sócio-afectivos que constituem as sólidas malhas da dialéctica do Homem situado e que pertencem predominantemente ao seu "mundo" do trabalho.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Um Critério de Urgência

URGÊNCIA é uma SITUAÇÃO - situação causada por uma EMERGÊNCIA de CRISE. Crise significa mudança. Situação é dialéctica entre a Pessoa e a ambiência. Quando nesta dialéctica está emergente a incapacidade e a impossibilidade de a Pessoa se defender, isto é, quando o Doente está caoticamente entregue ao "destino", Ele necessita de ser ajudado com URGÊNCIA; por exemplo, o delírio agudo pode conduzir a Pessoa à "morte" com aumento da urémia, dos leucócitos, da febre e doutras expressões reactivas do SER perturbado.

Neste contexto a URGÊNCIA não é a doença, mas é a SITUAÇÃO do Doente; não obstante, a doença está sub-jacente.

Será importante meditar esta diferença porque uma doença sentida e pensada, isto é, vivida pelo Doente, seja ela real ou irreal para o médico, ela é sempre uma realidade angustiante para o Doente e condiciona-lhe uma SITUAÇÃO de ansiedade que deve ser considerada pelo médico como URGÊNCIA e deve ser desbloqueada pelo diálogo terapêutico, operando o pensamento. Operar é mudar, transformar.

É que na realidade, a causa directa do sofrimento do Doente é o pensar e o sentir. O conceito de URGÊNCIA é inerente à Pessoa-Doente e não à doença; não deve ser a doença que impõe a URGÊNCIA, mas sim a Pessoa perturbada que, em SITUAÇÃO caótica apresenta a doença.