domingo, 17 de maio de 2009

Substítuição de Medicamentos

Carta Aberta à OM

As considerações que se seguem têm por objectivo complementar e justificar os reservados juízos emitidos no postal, já enviado, por ter tido dificuldades em expressar ideias num contexto maniqueísta e circunscrito ao referido postal; porém, desde já sublinho que discordo liminarmente e absolutamente das posições abusivas do farmacêutico e das diligências vagas e indecisas do Governo.

No acto médico, que é sempre terapêutico, não pode, não deve, haver interferências do farmacêutico, interferências negativas, destrutivas da crença na prescrição médica - expressão da relação empática Médico-Doente-Médico. Não obstante, pode e deve o farmacêutico dialogar com o médico prescritor, se necessário ao esclarecimento de dúvidas.

A insustentável polémica do medicamento alicerçar-se-á na ignorância ou incompreensão do Farmacêutico, ou este será motivado por preocupações latentes e propósitos sub-reptícios imorais e destituídos de ética, colocando interesses económicos acima da Vida existencial do Ser-humano sofredor?

Não se confundam as actividades do farmacêutico com as do Médico. Ao farmacêutico o que é do Farmacêutico - o fármaco; ao médico o que é do Médico - o Doente, a arte de curar e o Medicamento.

Todo o medicamento contém, em si, duas vertentes: 1. A farmacodinâmica, a qual se concretiza em reacções químicas entre o fármaco e o organismo do doente; esta é a faceta material, biológica, farmacológica, do medicamento em dialéctica com o corpo do Doente; é a faceta iatrogénica por vezes perigosa, nomeadamente no Idoso. Esta vertente é aprendida em Farmacologia, no Curso de Medicina; ela é diferente da farmacopeia, da farmacognosia e da farmacotecnia que são disciplinas do Curso de Farmácia; diferente é também a venda do fármaco a qual, sendo praxe exclusiva do farmacêutico (nunca do Médico), não tem qualquer relação com a prescrição, que é práxis empática, acto cognitivo e afectivo do Médico. 2. A segunda vertente do Medicamento transcende a faceta fármaco e contém, em si, a Intenção do Médico a transmitir ao Doente atravès não do fármaco mas sim do Medicamento - "imagem e semelhança" do médico que nele se prescreve.

Todo o comportamento de conveniência para o Próprio, e de prejuízo para terceiros, deve ser considerado numa perspectiva de causalidade retrógrada; frequentemente, são comportamentos miseráveis qe conduzem o Autor ao nível das comunidades biológicas prè-humanas. Um indivíduo de tal estrutura psicológica, estigma de pobreza espiritual, deve ser ajudado, deve ser conduzido anancasticamente para uma conduta moral. É este o dever da Sociedade em que o Governo e todos nós estamos incluídos. Não hesitemos; sentir-nos-emos felizes por o ajudarmos, por o tratarmos das suas deficiências e frustrações; mais tarde, ele nos agradecerá.