segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Paris

A emoção vagueava no atmosférico que unia os circunstantes anónimos que passavam, nos quais valores estéticos, culturais, humanos, eram traídos por um colorido pecaminoso de fascínio espectadorista que gritava Amor e Liberdade. A tontura febril dos deslumbramentos conferia uma catatimia ao ambiente de afecto que unia aquela gente em sentimentos de passado mítico, de anacronismos deliciosos feitos presente e projectados no futuro a cantar ansiedade de alegria de viver.
Foi uma noite interiorizada, em Paris, feita de sonho de mistérios mais reais do que a Rua onde me esquecia.

Memória

As mencionadas características referentes à memória nada têm de patológico; pelo contrário, expressam vigor e saúde mental.
O cérebro saudavel recebe informações, integra-as e trata-as de modo a aplicá-las eficientemente, respondendo assim a desejos e satisfazendo necessidades da própria pessoa.
É esta integração e este armazenamento a génese da memória cuja fidelidade, duração e incremento são tanto maiores quanto maior é a actividade cerebral exigida pela mente, isto é, pelo processo mental. Esta actividade psíquica, que deve ser repetitiva para que a memória se perpetue, consiste na conjugação da cognição com a afectividade, isto é, do pensamento com a emoção que o dinamiza e agiganta. É a perda de capacidade de admirar, de se apaixonar, conjugada com inactividade cognitiva que se verifica em muitos senescentes, que gera o esquecimento progressivo em razão inversa à aquisição do conhecimento,isto é, o senil esquece factos do tempo recente para o antigo; os últimos actos a esquecer são o de respirar e o de beber (mamar).
O cérebro regenera-se permanentemente pelo seu uso potenciado (trabalhar apaixonadamente); os neurónios regeneram-se preferencialmente nas zonas cerebrais mais usadas.
Aprendemos com o hemisfério direito do cérebro; memorizamos mercê da coordenação de várias regiões com destaque para o hipocampo, mas também com a amígdala límbica e com os lobos frontais, adquirindo aprendizagem, experiência e sabedoria, instrumental psíquico usado nos comportamentos extrínsecos e nos intrinsecos (o cérebro é o único órgão corporal que se pensa; pensa no pensamento); e comportamo-nos com o hemisfério esquerdo.
Como se infere, as suas preocupações traduzem-se em excelentes promessas futuras; elas expressam comportamentos que atrazam a involução das regiões referenciadas aprendendo, memorizando e agindo através da cognição , dos afectos, da memória, da intuição, da previsão e até, raras vezes, da premonição.
Tudo isto, na sua globalidade, é sabedoria, triunfo, alegria, felicidade; confere resiliência psíquica e consciência de Si.