O "encontro" do óvulo pelo espermatozoide não será o início da Vida, porque estas entidades são já Vida existencial, isto é, Vida materializada. Deste encontro/junção resulta, não Vida, que já era, mas sim existência concretizada num corpo, o ovo dinamizado pela vitalidade ontogénica.
A Vida é absoluta, é um todo-contínuo antes e depois da existência. É a matéria, o corpo, que confere existência, isto é, algo percepcionado ou perceptível pelos 5 sentidos. A Vida é realidade escondida em além das aparências sensíveis; a existência é concreta, objectivada, materializada e, por isso, sujeita à temporalidade da finitude do corpo. A Vida é perene; nela estão contidas as existências e os seus tempos, mas ela está no Tempo, outro todo-contínuo, donde a existência tira os seus tempos os quais apenas valem pelos seus conteúdos que são os comportamentos daquele que vive a existência.
A decisão de legislar a interrupção da gravidez não se correlaciona com ciência, mas sim com desejos de Felicidade e de Vida ditadas por conteúdos emocionais e sociais e também, muitas vezes com conveniências egoístas sustentadas por comportamentos ideológicos iníquos, variáveis com os tempos e os espaços.
O que está consagrado é o direito à existência desde o início até à morte, sendo certo que morrer é não existir, é perder o corpo. Não é possível matar a Vida, mas é cientificamente exequível libertá-la da existência.
A autonomia e a autodeterminaçâo são capacidades, isto é, aptidões centrais do Ser humano; as suas expressões, isto é, a sua concretização é aptidão periférica, possibilidade, só possível se o corpo estiver apto para tal, é uma sub-estrutura do Ser.
O suicídio e a obstinação são comportamentos mórbidos dum Ser humano perturbado que necessita de ajuda.
Não concordo com a pena-de-morte; é inadmissível que se interrompa a vivência da experiência e a consciencialisação das acções (cognição, afectividade e motricidade) do criminoso, que deve continuar a existir para que, ajudado, medite os seus actos.
Se o Curso de Medicina não ajuramenta, pela formação que dá aos alunos, não se cumpre. A conduta do Médico não pode nem deve ser pautada por juramentos, palavras simbólicas, mas deve-o ser por sentimentos estruturantes de compaixão intensificada pela meditação e pela consciência de Si.