A osteoporose é uma entidade mórbida de evolução silenciosa, larvada, pérfida que se caracteriza por baixa densidade mineral óssea devida à perda de massa protoplásmica metabolicamente activa, isto é, perda de osteocitos, mantendo-se, nos restantes, o material orgânico e o mineral, nas suas normais proporções.
A perda de células é apanágio do senescer pelo que é compreensível o intrincado entre osteoporose e senescência, quando esta ultrapassa a década dos 50 anos de idade cronológica do ser humano. A senescência avançada, leia-se, a senilidade (senil-idade), é um factor da osteoporose e esta é um factor da senescência em evolução. De aqui se infere que o melhor combate à osteoporose será a profilaxia da senescência, esta, no caso que nos ocupa, expressa no sistema ósseo.
Falar de osteoporose com ligeireza é referi-la, incorrectamente, à mulher, sendo certo que o homem também a sofre, não obstante a proporcionalidade ser aproximadamente a de 1 homem para 3 mulheres.
A prevenção da osteoporose implicita o conhecimento da sua etiologia na qual se iclui a convergência de vários factores:
- Carência de calcio, fósforo, fluor e calcitriol (vitamina D3).
- Défice de absorção intestinal, por perda de células e diminuição de irrigação da mucosa, isto é, por atrofia da mucosa intestinal.
- Perturbação da eliminação renal, por declíneo da depuração com o avanço da senescência.
- Diminuição da irrigação do osso.
- Declínios hormonais e metabólicos.
- Osteopenia (avaliada na densitometria).
- Inactividade física.
Para uma eficiente profilaxia, há que considerar: o diagnóstico do Adoecer a partir dos 40 anos de idade cronológica; o diagnóstico do Terreno favorável à instalação da osteoporose, a partir dos 50 anos; e, em seguimento, a Correcção destes factores patogénicos.
I - O diagnóstico do ADOECER exige, na ausência de qualquer patologia, o conhecimento de factores de risco:
- hábitos alimentares condicionantes de obesidade ou de desnutrição; salientamos a carência de produtos lácteos, nomeadamente queijo, yogurtes e leite, e também a carência de proteínas e de fruta e de legumes verdes.
- hábitos alcoólicos, tabágicos e de consumo de drogas ilícitas.
- carência de luz solar.
- inactividade muscular, causa de perda de miocitos, de osteocitos e de fragilidade do tendão e consequente diminuição de força, causa de desequilíbrios.
II - No diagnóstico do TERRENO osteoporótico,
- a osteopenia ocupa um lugar determinante; não é raro ela ser o corolário dum hipogonadismo, duma hipertiroidia, duma hiperparatiroidia, duma osteodistrofia renal ou até dum mieloma ou duma hipercalciúria, entre outras morbilidades. Mas há que considerar com primazia,
- o hipogonadismo meno/andropáusico e o climatérico.
- a iatrogenia, principalmente por fármacos corticoides.
- vícios metabólicos (diabétis, dislipidemias e outros), a obesidade e a desnutrição.
- hipertensão arterial.
III - A correcção de todos estes factores patogénicos exige o conhecimento de défices e insuficiências que silenciosamente se desenvolvem no avançar da senescência e que, nesta fase inicial, devem ser rastreados mediante elementos auxiliares de diagnóstico já que, se esperarmos por sinais e sintomas clínicos, a osteoporose instala-se irremediavelmente ou com dificuldades duma terapia eficiente:
- medição da densidade mineral óssea, na avaliação da osteopenia, através da densitometria ou pela absorciometria, a nível vertebral e do colo do fémur.
- doseamento da calcemia e calciúria, fosforemia, fosfatase alcalina, glicemia, lipidemias, uricemia, proteinograma, transaminases, depuração renal, estrogénios totais, progesterona, FSH, LH, testosterona, TSH, T3, T4 e doseamento da 25-hdroxivitamina D (análise exageradamente dispendiosa).
Não obstante estes exames denunciarem distúrbios imperceptíveis, não é dispensável o conhecimento, conferido pela clínica, de importantes factores geradores do terreno patogénico, como seja a insuficiência de vitamina D, em doseamento inferior a 50 nanomoles/l quase sempre presente, não só no idoso institucionalizado, mas também no carente de sol e no inactivo. A hipovitaminose D3 inicia-se, sem qualquer sinal ou sintoma, em idades da perimenopausa na mulher e da andropausa no homem, principalmente se a ociosidade, que tem por companheira, o conduzir a hábitos alcoólicos ou lhe acentuar os tabágicos. Este patomorfismo, clinicamente inexpressivo, constitui a grande indicação para os bifosfonatos os quais, mais tarde, no Idoso, devem ser evitados porque a depuração renal está em declínio acentuado; eles restituem ao osso o cálcio e o fósforo, remineralizando-o. Também os estrogéneos, na mulher, inibem a osteolise, e a testosterona, no homem, estimula o anabolismo proteico e travam a desmineralização.
Habitualmente, sem considerar a indesejável presença de osteopatias e de outras morbilidades, a osteoporose inicia-se em idades, já referenciadas à meno/andropausa, e evolui, tendencialmente, expressando-se em sinais, sintomas e consequências mais ou menos invalidantes. Desta factualidade resulta que a osteoporose apresenta duas expressões clínicas:
- A osteoporose em idades climatéricas, é aguda evidenciando-se frequentemente com uma dor brusca e intensa, com irradiação radicular, que aumenta com o decorrer do dia e melhora com o repouso; secundariamente surgem alterações estáticas e desequilíbrios. As terapias desta identidade mórbida, para além das medidas profiláticas, consistem em travar o curso da osteopenia; os bifosfonatos (alendronato, ibandronato, risedronato) estão indicados; em horas diferentes, o cálcio na dose de 1200 mgr com 1000 UI de vitamina D3 deve ser administrado diariamente.
- A osteoporose senil é crónica, difusa, evolutiva, com dores, deformações, quedas e fracturas, - esmagamentos de vértebras, causa de cifose dorsal, lordose cervical e lombar, diminuição da estatura mantendo-se a envergadura e alteraçõea degenerativas osteo-articulares axiais e periféricas. Pelas razões já referenciadas os bifosfonatos devem ser evitados na osteoporose senil; o cálcio deve administrar-se na dose de 3000 mgr com 2500 UI de vitamina D3, diariamente (3 comprimidos mastigáveis de "Decalcit" ao pequeno almoço e mais 2 comprimidos ao jantar).