O Ser-Humano deve consciencializar-se do seu senescer e meditar na velhice que o espera no futuro para que, com antecedência, aprenda a envelhecer com a melhor qualidade de vida existencial possível, nas suas vertentes biológica, psicológica e social. O Idoso não deve ser avaliado nem ele mesmo se deve avaliar pelo que perdeu mas sim pelo que resta; porém, mais importante é o que ainda vai ser adquirido através do seu viver existencial, preferencialmente com maior investimento em valores espirituais que nos materiais nos quais se consubstancia a precaridade; quem investe apenas nestes vai entrar em falência em idades senis. Viver é uma permanente emergência continuada do "começar" porque só está vivo e continua vivendo quem intencionalmente ainda vai viver. A velhice é uma perturbação desta permanência; é uma inadaptação ao "começar"; é um início de morte; é uma desistência porque morrer é desistir de existir e de viver a existência. Amadurecemos no tempo vivido mas envelhecemos no tempo medido, porque em actividade vivemos e morremos em inactividade.
A psicopatologia ocupa-se da relação perturbada; o seu modelo estrutural é a neurose que é uma doença da comunicação. A neurose mais frequente no velho é a depressão cuja cura se obtém fundamentalmente pela relação empática; o fármaco anti-depressivo actua principalmente no sintoma e revela-se eficiente só e apenas quando investido de intenção, intenção criada pelo médico e introjectada pelo Doente. A terapia tem de ser psicológica e filosófica porque no Idoso deprimido vive, em permanência, a dialéctica entre Eros e Thanatos. A comunicação e a compaixão são fundamentais na relação terapêutica; a relação entre o médico e o Idoso-Doente conduz a um estado de osmose afectiva que exige do médico mais Arte que ciência.
Essencialmente são quatro as coordenadas que determinam a saúde do Idoso:
- Informação aos jovens e aos velhos;
- Valorização e aproveitamento das faculdades que restam no Idoso;
- Reintegração do Idoso no sistema social e comunicação entre o Idoso e a comunidade;
- Felicidade que resulta do equilíbrio bio-psico-social.
Quem ama e é feliz não é doente ainda que tenha doença.